quarta-feira, 23 de junho de 2010

O segredo da saia rodada.

--> -->
Elizabeth Berlin era a moça mais pacata da cidade, nunca se ouvira um rumor sequer sobre ela. Possuía a boa aparência passiva, usava as roupas mais finas e também as mais recatadas, seu comportamento era impecável e seus dotes eram certamente os melhores.
Pouco a viam pelas ruas, deveria ter ocupações durante todo o dia, ocupações que com certeza a deixariam ainda melhor do que era.
Sua típica família burguesa possuía uma ótima fama, o pai era um honrado coronel e a mãe dotadíssima senhora da casa que pelos falatórios havia cuidado muito bem da filha única.
Na mesma cidade muito se falava de outra moça, Liza B., a garota jovem e prematura ou imatura, porque não? Tudo havia para se falar de Liza, tinha apenas quinze anos e já possuía corpo de mulher, fazendo questão, claro, de usar as roupas mais vulgares que podia para mostrá-lo. Comentava-se que ela andava por aí beijando todos os rapazes e as piores línguas diziam até que nem era mais “pura”, mas ela não se importava com os maus rumores. Quando o sol se punha, Liza colocava sua saia rodada preta, suas meias de colegial, os famosos sapatos vermelhos, diziam que sapatos vermelhos eram para moças impuras, e prendia os longos cabelos com presilhas um tanto infantis. Era com certeza uma típica Lolita tentando libertar-se de sua idade biológica!
Certo dia foi à casa de Elizabeth um homem chamado Albert, estava acompanhado de seu pai e era muito elegante. Entre uma e outra conversa ela foi apresentada ao cavalheiro e, mais tarde, foi informada que este seria seu futuro marido. Chocou-se, mas como boa moça que era, não se opôs.
Para a casa de Liza não mandavam ninguém, para Liza não havia homem disponível, não para "coisa séria" pelo menos; era apenas a moça mal falada que só por não seguir uma linha reta em seu caminho era bastante conspirada!
O casamento de Elizabeth Berlin foi o que chamaríamos de perfeito, toda a cidade em festa pela cobiçada mocinha, tudo muito bem organizado e muito elegante. Bom, isso até a tão sonhada lua-de-mel...
Albert e Elizabeth chegaram ao luxuoso hotel em Veneza, tudo estava cuidadosamente preparado para a noite de núpcias que quando finalmente chegou revelou um generoso segredo e escândalo, Liza de saia rodada, meias de colegial e sapatos vermelhos apareceu no quarto do hotel para Albert, que descobriu então que Elizabeth Berlin escondia Liza debaixo de sua saia...as duas eram exatamente a mesma pessoa!

domingo, 13 de junho de 2010

Porém e estranhamente...

A face empalideceu, mas ela continuou ali intacta,

Sua pele estava pouco a pouco se desgastando...Se decompondo,

Já não havia tanta cor em sua boca outrora rosada,

E em seus olhos já não havia o excesso de brilho que antes houve.

Tudo lhe parecia cinza agora, até seus cabelos detinham a cor,

Seus dedos tão delicados agora estavam secos e seu toque macio e quente,

Estava gélido, petrificado.

Porém e estranhamente, aos meus olhos ela continuava linda e sua expressão era tão pacificadora,

Que ora me trazia paz, ora um certo temor...Tudo nela era convidativo,

Mas eu não poderia atrever-me a lhe beijar a boca sem saliva.

As recordações atormentavam-me, há pouco aquele seio era palpitante, eu podia senti-lo,

E derrepente disparou até que por fim parou de vez...

Estava morta,

E então pude saber que eu amava a morte.

Porém e estranhamente, aos meus olhos ela continuava linda...