sábado, 31 de julho de 2010

Isso ou Aquilo?

Frio ou Calor?
Seco ou Molhado?
Papel ou Árvore?
Grandes construções ou Parques?

Azul ou Cinza?
Pessoas ou animais?
Pasto ou mata?
Menino ou Menina?

Grama ou asfalto?
Beijo ou tapa?
Ar ou a falta dele?
Capa ou Conteúdo?

Aliados ou Eixo?
Fome ou Frio?
Dar ou Receber?
Córrego ou Rio?

Guerra ou Paz?
Céu ou Inferno?
Gosto ou Desgosto?
Madeira ou Ferro?

Amor ou Ódio?
Vida ou Morte?
Deus ou Diabo?
Sexo ou só um amasso?

Isso ou Aquilo?

domingo, 25 de julho de 2010

As estrelas de nossas lembranças

Noite calorosa, salão lotado, gente feliz, bem vestida (à sua maneira), cheiro gostoso de comida saindo quentinha, bebida pra esquentar ainda mais, cores por toda parte e muito brilho também!
Todos esperavam para começar o que tanto havia sido ensaiado, meses e meses de muito ardor e dedicação, mas que agora estava pronto, para ser mostrado e vivido.
Assim que todos estavam bem acomodados e em silêncio a luz baixou, deixando apenas a tênue suavidade entre a escuridão e a luz que logo se fez em filetes pelos corpos que iam entrando no palco. Pouco a pouco estavam todas ali aquelas que estrelariam a noite e que em breve mostrariam aquilo que amavam fazer, dançar!
Foi solta a música e como se fizesse parte da coreografia, todos se arrepiaram ao mesmo tempo! Começando com leves movimentos, as bailarinas tomaram forma mediante a meia luz que então no auge das batidas se fez forte. O silêncio se tornou sorriso, aplausos, olhos brilhando, assovios e felicidade...Realmente aquelas saias, e aquele brilho das odaliscas (verdadeiramente ofuscante!), era encantador, as linhas de seus corpos junto aos movimentos sinuosos faziam delirar a platéia! Eram crianças, jovens e mulheres, ora todas juntas, ora em solo, simplesmente magníficas!
Ao fim da noite, se sabia que o que fora ali apresentado não eram apenas meras coreografias, mas um verdadeiro espetáculo!
Foi apenas uma noite, mas, certamente, foi a noite em que mulheres comuns se tornaram estrelas e que pessoas acostumadas a simples rotinas tiveram prazer em um momento tão caloroso. Aquelas mulheres dançariam até quando pudessem e quisessem, mas fariam parte de lembranças de muitas pessoas, não como simples mulheres, mas como estrelas, para sempre!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Sentença!

--> -->
Eram exatamente 8:00 horas da manhã e eu estava, juntamente com John, embarcando no navio que nos levaria à América, seria lá que se realizaria nosso casamento que ainda não por lei, mas em prática já acontecia. Passamos pelo hall principal, e, pela fama de bom rico de John conhecida pelo navio todo, fomos recebidos como verdadeiros reis.
Tudo era muito refinado, confortável e impecável e assim eu também era, por fora!
Ao longo da viagem as pessoas especulavam sobre nosso casamento, de uma maneira positiva, é claro. Ao saberem dos preparativos e do procedimento que se seguiria no grande dia, ficavam verdadeiramente espantadas, e eu poderia dizer que seus olhos até brilhavam! Eu juro que queria que essa sensação também por mim fosse desfrutada, mas eu estava gritando a plenos pulmões e ninguém me ouvia! Para mim eu havia entrado naquele navio escravizada e sem nada nem ninguém para me socorrer!
Abri os olhos na manhã seguinte e a sensação não era boa, pois eu sabia que cada dia que se passava trazia aquele casamento para mais perto de mim. John veio até meu quarto, quatro horas após ter saído do mesmo, me beijou e eu senti um gosto ruim, logo eu estaria beijando-o oficialmente, com uma aliança pesada no dedo que ficaria ali queimando-me a vida inteira.
Finalmente aos 23 de agosto de 1899 chegamos ao local de minha sentença. Desembarcamos e a estátua da liberdade ergueu sua tocha de vitória para mim, eu disse a ela que comigo não aconteceria o mesmo.
Dali a três dias aconteceria o julgamento e eu podia sentir espasmos por todo meu corpo, preferia morrer!
Chegada à noite anterior ao casamento eu já não podia mais aguentar, saí do quarto do hotel para respirar um pouco de ar puro... A noite estava congelante e a rua vazia, mas ao fundo eu ouvia vozes estranhas, de homens excitados, certamente por terem bebido. Não me intimidei e continuei seguindo naquela mesma direção quando, mais próxima daqueles homens, pude ver que John fazia parte do grupo. Ele me viu e pediu que eu fosse até lá para cumprimentar seus amigos. Após tê-lo feito ele me abraçou com força e disse aos amigos:
- Não é maravilhosa rapazes?
Eu senti o hálito alcoólico vindo de sua boca.
- É uma belezinha e olhe essas curvas! Mas John, com toda essa roupa não podemos ver tudo que ela tem a oferecer!
John me olhou com malícia e eu estava com um significativo medo naquele momento.
- É mesmo meu amor, vamos, tire logo toda essa tralha!
Eu queria correr, mas ele me puxou e arrancou meu casaco. Eu tremi de frio, mas ele rasgou meu vestido de seda deixando apenas minhas roupas íntimas; eu chorava, me sacudia, mas John era grandalhão, e por fim acabou me deixando nua, confundindo o branco de minha pele com a neve que caía.
Não me lembro muito daquele dia, só me lembro de cada um daqueles homens repugnantes entrando em mim e do sangue que escorria destacando-se na neve...
Senti muita dor, mas por fim ela cessou, era como se os membros de meu corpo não fizessem mais parte dele.
Eu morri na hora que separava o dia 25 de agosto de 1899 do dia 26 de agosto de 1899 e não pensem que nos momentos finais eu senti algo ruim por John, muito pelo contrário, eu morri agradecendo-o por mudar minha sentença que até então já me estava clara, eu o amei por aquilo!

domingo, 4 de julho de 2010

Pequenos Detalhes

Hoje tive um sonho, um sonho exótico, diferente, bagunçado, mas muito real! Tive a impressão de estar vivendo-o, mas deveria ser apenas um sonho mesmo.
Eu via pequenas coisas, pequenos detalhes que normalmente são inertes à maioria. Não conseguia enxergar as pessoas, pois sua grandeza egocêntrica me irritava, então resolvi observar cada um de seus minuciosos detalhes.
Vi uma senhora, uma verdadeira dama, e como toda dama ela não era menos hipócrita. Usava um casaco de pele, os saltos tinham a altura que seu corpo velho, embora cheio de substâncias cosméticas, podia aguentar. Mas o que mais predominava era o brilho, o brilho dos significativos brilhantes que por todas as partes visíveis de seu corpo brilhavam, reparei em um lindo colar de pedras azuis com diamantes à sua volta, e o brilho que aquilo emanava quase me cegava, quando então num lapso pude ver o fio, sim o fio que ligava cada uma daquelas pedras tornando-as uma coisa só. Aquilo me encantou, elas brilhavam juntas, e agora eu já não podia mais ver a particularidade de cada brilho ofuscante, eu via apenas um, e aquele eram todos, ligados por uma fina sutileza que gritava um certo objetivo, eu podia ver, mas queria mesmo era que todos vissem!