terça-feira, 20 de julho de 2010

Sentença!

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Eram exatamente 8:00 horas da manhã e eu estava, juntamente com John, embarcando no navio que nos levaria à América, seria lá que se realizaria nosso casamento que ainda não por lei, mas em prática já acontecia. Passamos pelo hall principal, e, pela fama de bom rico de John conhecida pelo navio todo, fomos recebidos como verdadeiros reis.
Tudo era muito refinado, confortável e impecável e assim eu também era, por fora!
Ao longo da viagem as pessoas especulavam sobre nosso casamento, de uma maneira positiva, é claro. Ao saberem dos preparativos e do procedimento que se seguiria no grande dia, ficavam verdadeiramente espantadas, e eu poderia dizer que seus olhos até brilhavam! Eu juro que queria que essa sensação também por mim fosse desfrutada, mas eu estava gritando a plenos pulmões e ninguém me ouvia! Para mim eu havia entrado naquele navio escravizada e sem nada nem ninguém para me socorrer!
Abri os olhos na manhã seguinte e a sensação não era boa, pois eu sabia que cada dia que se passava trazia aquele casamento para mais perto de mim. John veio até meu quarto, quatro horas após ter saído do mesmo, me beijou e eu senti um gosto ruim, logo eu estaria beijando-o oficialmente, com uma aliança pesada no dedo que ficaria ali queimando-me a vida inteira.
Finalmente aos 23 de agosto de 1899 chegamos ao local de minha sentença. Desembarcamos e a estátua da liberdade ergueu sua tocha de vitória para mim, eu disse a ela que comigo não aconteceria o mesmo.
Dali a três dias aconteceria o julgamento e eu podia sentir espasmos por todo meu corpo, preferia morrer!
Chegada à noite anterior ao casamento eu já não podia mais aguentar, saí do quarto do hotel para respirar um pouco de ar puro... A noite estava congelante e a rua vazia, mas ao fundo eu ouvia vozes estranhas, de homens excitados, certamente por terem bebido. Não me intimidei e continuei seguindo naquela mesma direção quando, mais próxima daqueles homens, pude ver que John fazia parte do grupo. Ele me viu e pediu que eu fosse até lá para cumprimentar seus amigos. Após tê-lo feito ele me abraçou com força e disse aos amigos:
- Não é maravilhosa rapazes?
Eu senti o hálito alcoólico vindo de sua boca.
- É uma belezinha e olhe essas curvas! Mas John, com toda essa roupa não podemos ver tudo que ela tem a oferecer!
John me olhou com malícia e eu estava com um significativo medo naquele momento.
- É mesmo meu amor, vamos, tire logo toda essa tralha!
Eu queria correr, mas ele me puxou e arrancou meu casaco. Eu tremi de frio, mas ele rasgou meu vestido de seda deixando apenas minhas roupas íntimas; eu chorava, me sacudia, mas John era grandalhão, e por fim acabou me deixando nua, confundindo o branco de minha pele com a neve que caía.
Não me lembro muito daquele dia, só me lembro de cada um daqueles homens repugnantes entrando em mim e do sangue que escorria destacando-se na neve...
Senti muita dor, mas por fim ela cessou, era como se os membros de meu corpo não fizessem mais parte dele.
Eu morri na hora que separava o dia 25 de agosto de 1899 do dia 26 de agosto de 1899 e não pensem que nos momentos finais eu senti algo ruim por John, muito pelo contrário, eu morri agradecendo-o por mudar minha sentença que até então já me estava clara, eu o amei por aquilo!

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